O estresse é uma resposta do organismo a um estímulo. Quando estressado, o cérebro interpreta uma situação de risco ou perigo e libera diversos hormônios e substâncias químicas, como adrenalina, cortisol e norepinefrina, para preparar o corpo para “lutar ou para fugir”
Tais hormônios agem diretamente no sistema cardiovascular. Eles desencadeiam a vasoconstrição das artérias, diminuindo a oferta de sangue no coração. Esse processo baixa o fluxo de sangue nas coronárias, o que pode levar a uma crise de angina ou até infarto. A pressão arterial também pode ser alterada, causando crises hipertensivas com sintomas como dor de cabeça, tontura, náuseas e desmaios. Em casos extremos, pode haver a incidência de infarto e AVC.
Com já vimos em outro e-book dessa série : “Gerenciamento do Estresse”, podemos ter o Estresse positivo e o Estresse Negativo.
“Estresse positivo é aquele que é necessário para o dia a dia, que se faz de maneira mais pontual e mais leve, porém, relevante para preparar o organismo a reagir em determinada situação”, explica o Dr. Luciano Trindade, cardiologista do Hospital Albert Sabin (HAS).
O médico complementa que há também o estresse pontual mais intenso, desencadeado, por exemplo, após uma discussão. “Esse já se torna mais perigoso, pois, pode levar a alterações súbitas da pressão arterial e frequência cardíaca. Caso a pessoa já seja portadora de alguma doença cardiovascular, pode funcionar como um “gatilho” para desencadear algo mais grave como, infarto, AVC ou arritmia”.
Por fim, existe o estresse crônico constante, que vem de maneira elevada durante todos os dias e que, pouco a pouco, aflige o organismo e leva a sérios problemas de saúde, tendo como causas problemas pessoais, profissionais, financeiros e outros.
Estresse: saiba como ele afeta sua saúde física e emocional
Estresse é uma resposta física do nosso organismo a um estímulo. Quando estressado, o corpo pensa que está sob ataque e muda para o modo “lutar ou fugir”, liberando uma mistura complexa de hormônios e substâncias químicas como adrenalina, cortisol e norepinefrina para preparar o corpo para a ação física.
A manutenção de um estado de estresse por longos períodos pode ser prejudicial à saúde. Os resultados de níveis elevados de cortisol podem ser um aumento nos níveis de açúcar e pressão arterial e uma diminuição da libido.
Às vezes, o estresse pode ser uma força positiva, motivando o indivíduo a performar melhor em seu recital de piano ou em uma entrevista de emprego. Outras vezes, porém, como quando você está preso no trânsito das grandes cidades, o estresse pode ser uma força negativa.
Se você está exposto ao estresse por períodos prolongados, ele provavelmente se tornará crônico, a menos que você tome alguma ação.
O que é o estresse?
Antes de mais nada é importante esclarecer que estresse não é necessariamente uma coisa ruim. Se nosso corpo não tivesse nenhum tipo de habilidade para resistir ao estresse, provavelmente não teríamos evoluído e sobrevivido enquanto espécie. Nossos ancestrais, por exemplo, usavam os primeiros sinais do estresse como sinal de alerta para o perigo de um ataque de animais.
Estresse nada mais é que uma resposta física do nosso organismo a um estímulo. É uma palavra que vem da física. Quem já estudou resistência dos materiais conhece bem o conceito. Na física Estresse e Tensão são sinônimos. Trata-se uma quantidade de força aplicada em uma determinada área.
Trazendo isso para nosso corpo, quando somos submetidos a atividades estressoras, como por exemplo o trabalho, uma atividade física, situações como a chegada de um novo filho, casamento, mudança de emprego, etc… nosso corpo reage, produzindo uma mistura complexa de hormônios e produtos químicos como a adrenalina, cortisol, e norepinefrina (também chamada de noradrelalina).
Essa produção de hormônios ocorre justamente para preparar o corpo para uma reação física. Se eu precisar fugir, esses hormônios ajudarão a desviar sangue para os músculos, por exemplo.
O problema surge quando nosso corpo entra em estado de estresse em situações inadequadas e por tempo prolongado. Níveis elevados de cortisol contribuem para o aumento dos níveis de açúcar, da pressão sanguínea e redução da libido.
Uma reação natural
Você já experimentou a sensação de ter as mãos suadas diante de um primeiro encontro? Em uma entrevista de emprego ou uma apresentação em público? Já sentiu seu coração bater acelerado diante de um filme de terror? Se a resposta foi sim, você sabe como é sentir estresse em seu corpo e mente.
Essa resposta automática do nosso organismo foi desenvolvida em nossos antepassados como uma forma de protegê-los de predadores e outras ameaças. Diante do perigo, nosso corpo entra em ação. Inundando nossa corrente sanguínea com hormônios que elevam a frequência cardíaca. Aumentam a pressão arterial e a energia, preparando o indivíduo para lidar com o problema.
Nos dias atuais, você não enfrenta mais a ameaça de ser comido por um predador. Mas você com certeza convive com múltiplos desafios diariamente. Como o cumprimento de prazos, pagamento de contas e malabarismos para conciliar carreira e família. Esses desafios fazem você sentir o stress da mesma forma.
Como resultado, o sistema de alarme natural do corpo – a resposta para a “luta ou a fuga” – pode ficar ligado constantemente. Isto pode trazer consequências sérias para a saúde.
Existem tipos diferentes de estresse?
Agudo
É a forma mais comum de estresse. É a reação do organismo frente a um novo desafio. Pode ocorrer diante de notícias inesperadas como a chegada de um novo filho, o recebimento de uma notícia ruim, uma briga ou erro no trabalho ou um acidente. Geralmente são episódios isolados que não tem efeito persistente no organismo.
No caso de eventos muito traumáticos, como o estresse sofrido por uma vítima de um crime, acidente grave ou situação potencialmente fatal, há um risco do desenvolvimento de um quadro psiquiátrico chamado de transtorno de estresse pós-traumático. No mais o estresse agudo pode ser considerado saudável, pois ensina nosso corpo a reagir em situações estressantes futuras.
Agudo episódico
Se dá quando o estresse agudo ocorre com frequência. Sabe aquelas pessoas que parecem ter crises nervosas todos os dias? Então, elas estão submetendo o próprio corpo ao estresse agudo episódico. Pessoas com ar mais pessimista, que estão sempre vendo o lado negativo das coisas, meio persecutórias, que estão sempre achando que serão as próximas a serem demitidas.
Algumas pessoas podem sentir os sintomas do estresse agudo com mais frequência do que outras, essas geralmente focam demais na organização e falham sempre quando se trata de desempenho. Costumam ficar muito irritadas com elas mesmas ou com o ambiente ao seu redor. Isto também explica porque elas acham seu ambiente de trabalho um ambiente tão estressante.
A preocupação excessiva é uma grande vilã. A pessoa passa a ser mais pessimista sobre situações cotidianas, sempre projetando o que poderia dar errado. Acabam ficando tensas e ansiosas sem nenhuma razão aparente. O efeito para saúde é muito nocivo, pois em geral essas pessoas aceitam o estresse como parte da vida e acabam “somatizando”, desenvolvendo quadros de gastrite, úlcera e outras doenças.
Crônico
É o estresse que se torna persistente e se prolonga por grandes períodos de tempo. É o estresse constante, que nunca desaparece. Em geral decorrem de experiências traumáticas na primeira infância, que são internalizadas e permanecem dolorosas e presentes. Essas experiências podem afetar a personalidade, a visão de mundo, a crença, causando estresse sem fim para o indivíduo. Assim como no segundo tipo, no estresse crônico as pessoas se acostumam com ele, como se fizesse parte de quem elas são.
Estresse – Os pontos de pressão
Mesmo o estresse de curta duração pode ter um impacto significativo. Você pode sentir uma queimação de estômago antes de fazer uma apresentação em público, por exemplo. Doses de estresse agudo, causadas por uma briga com o cônjuge e eventos como enchentes, acidentes ou um sequestro relâmpago, podem ter um efeito ainda maior.
Múltiplos estudos têm mostrado que essas tensões emocionais repentinas, em especial a raiva, podem desencadear ataques cardíacos. Arritmias e até morte súbita. Embora isso aconteça principalmente em pessoas que já tem um histórico de doença, algumas pessoas desconhecem que tem algum problema cardíaco até que o stress agudo culmine em um princípio de infarto ou coisa pior.
Quando o estresse começa a interferir na capacidade de viver uma vida normal, por um longo período, ele se torna ainda mais perigoso. Quanto mais tempo dura o estresse, pior é para a saúde mental e do corpo. Você pode se sentir cansado, incapaz de se concentrar ou irritável sem uma boa razão, por exemplo. O estresse crônico provoca desgaste do corpo e pode agravar problemas já existentes. Algumas pessoas acabam lançando mão de hábitos negativos como o aumento do consumo de álcool e o tabagismo, para lidar com as tensões.
A tensão de trabalho está associada ao aumento do risco de doença coronariana, por exemplo. Outras formas de estresse crônico, como depressão e baixos níveis de apoio social, também têm sido relacionadas ao aumento do risco cardiovascular. E, uma vez que você está doente, ele também compromete a imunidade e pode tornar a recuperação mais difícil.
Sinais de que o estresse está ligado diretamente ao meu trabalho
Nos últimos anos, a crise econômica afetou o Brasil e fez com que as configurações do mercado de trabalho mudassem. Observamos ao longo dos últimos meses o aumento do desemprego. Quem permaneceu empregado ou se recolocou, percebeu um cenário de caos. Hoje vemos um funcionário ocupando a posição que até pouco tempo atrás era exercida por 3 ou 4 pessoas. Com isso o estresse aumenta. A ansiedade e a pressão para manter o emprego também. Esse excesso de trabalho e a preocupação demasiada traz consequências para a saúde das pessoas. Essa configuração por si só já é um agente estressor.
Com relação aos sintomas e sinais.
Cognitivos
- Problemas de memória, esquecimentos das atividades que precisavam ser feitas
- Dificuldade de manter-se concentrado
- Problemas de memória
- Agitação, inquietação e pensamentos acelerados (parece que tá com bicho carpinteiro como diriam os mais velhos)
- Preocupação excessiva e constante
- Pessimismo, visão distorcida da realidade (costuma usar a expressão “síndrome de hiena”, sabe aquele desenho dos anos 80, Lippy e Hardy, onde a hiena ficava o tempo inteiro repetindo, oh vida, oh ceus, oh azar? A pessoa só vê o lado negativo das coisas
Físicos
Dor de cabeça constante, enxaqueca, dores musculares e tensão nos ombros (eu tive uma época que tinha uma cartela de dorflex na primeira gaveta na minha mesa, era pelo menos um comprimido por dia)
Alterações no sistema gastrointestinal, diarreia, constipação, mal estar no abdômen, azia, queimação no estômago, etc.. (Gastrite é um sinal físico muito comum de estresse).
- Náuseas e/ou tonturas
- Dores no peito, batimento cardíaco acelerado (arritmia)
- Queda na imunidade (ficar resfriado constantemente)
- Estar sempre cansado
- Perda de libido
Emocionais
- Alterações no humor (mau humor mais frequente)
- Irritabilidade, explodindo por qualquer motivo e com qualquer pessoa
- Dificuldade para relaxar
- Sensação de sobrecarga
- Sentimento de solidão
- Isolamento social
- Infelicidade, choro fácil e depressão
O que pode ser feito?
Reduzir os níveis de estresse pode, não somente fazer você se sentir melhor agora, como também pode proteger sua saúde a longo prazo.
Em um estudo, pesquisadores examinaram a associação entre “afeto positivo” – relacionado a sentimentos como felicidade, alegria, contentamento e entusiasmo – e o desenvolvimento de doença cardíaca coronariana ao longo de uma década.
Eles descobriram que, para o aumento de um ponto em afeto positivo (usando uma escala de cinco pontos), ocorria uma redução da taxa de doença cardíaca em 22%. Embora o estudo não comprove que, o aumento da felicidade diminua os riscos de estresse e doenças cardiovasculares, os pesquisadores recomendam impulsionar o sentimento de alegria, fazendo um pouco de atividades agradáveis todos os dias.
Outras estratégias para reduzir o estresse incluem:
Identifique a causa
Monitore o estado de espírito ao longo do dia. Se você se sentir cansado ou estressado, tome nota das causas, dos seus pensamentos e humor. Uma vez que você sabe o que te incomoda, você pode elaborar um plano de ação para tratar. Isso pode significar estabelecer expectativas mais razoáveis para você e para os outros.
Construa relacionamentos fortes
Alguns relacionamentos podem ser fonte de estresse. Pesquisas indicam que brigas e reações hostis com seu cônjuge causam mudanças imediatas nos hormônios sensíveis ao estresse. Mas, os relacionamentos também podem ajudá-lo. Familiares e amigos próximos podem proporcionar momentos agradáveis de descontração e diversão. Eles serão capazes de oferecer o apoio emocional e o suporte necessários para que você possa enfrentar as causas do estresse.
Afaste-se quando estiver com raiva
Antes de reagir, respire e conte até 10. Reconsidere suas ações. Caminhar ou praticar uma outra atividade física pode ajudá-lo a liberar a tensão e aliviar os sintomas de raiva. Atividade física aumenta a produção de endorfina. Gera sensação de bem-estar. Pode ser uma grande aliada na redução dos níveis de estresse.
Descanse a mente
De acordo com uma pesquisa da Associação Americana de Psicologia, o estresse mantém mais de 40% dos adultos acordados. Para garantir que você tenha as 7 ou 8 horas de sono recomendadas, corte a cafeína. Reduza distrações como a televisão no quarto e computadores na cama. Tente ir para a cama todos os dias no mesmo horário. Pesquisas indicam que atividades como yoga e meditação não somente ajudam a reduzir o estresse, como aumentam as defesas do sistema imunológico.
Peça ajuda
Enfim, se você continuar se sentindo cansado e oprimido, procure a ajuda de um psicólogo. Um profissional de psicologia irá orientá-lo a lidar com as fontes de estresse de forma efetiva.
Assim, um psicólogo o ajudará a identificar situações e crenças que contribuem para elevar o estresse crônico. Dessa forma, juntos irão desenvolver um plano de ação para mudar a situação.
O estresse constante leva a uma série de outras alterações no organismo que, em conjunto, podem prejudicar o coração. Entre elas:
– Perda ou aumento de apetite – Existem pessoas que param totalmente de se alimentar, causando a falta de nutrientes essenciais ao organismo. Por outro lado, há outras que, para compensar o estresse, comem compulsivamente. Esse processo pode aumentar o peso, os níveis de açúcar e colesterol do sangue e, com isso, ampliar a chance de desenvolver doenças cardíacas.
– Insônia – A privação do sono é muito prejudicial para o sistema cardiovascular, pois, expandem a liberação dos hormônios e intensificam a elevação da pressão arterial. O sono reequilibra o organismo.
“A insônia também pode intensificar vícios como tabagismo e o alcoolismo, causando, além dos sintomas já citados, arritmias cardíacas, piora respiratória e aumento da irritabilidade”, alerta o Dr. Trindade.
O Estresse Negativo pode trazer consequências danosas a diversos órgãos do nosso corpo, sendo que aqui abordaremos a ação direta do Estresse sobre o Coração.
Segundo o cardiologista e especialista em infarto do HCor (Hospital do Coração), Dr. Leopoldo Piegas, mostrou que num estudo feito na Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, foi encontrada uma forte relação entre o estresse e os níveis de células do sistema imunológico. Segundo os resultados, o estresse ativa células-tronco da medula espinhal, que por sua vez levam a uma produção acima do normal de glóbulos brancos, células do sistema de defesa que, em excesso, prejudicam a circulação do sangue nas artérias e que podem se acumular nas paredes das artérias, reduzindo o fluxo sanguíneo e favorecendo a formação de coágulos – elevando, assim, o risco de doenças cardiovasculares.
Os problemas clínicos associados ao estresse que costumam aparecer primeiro são cansaço e desânimo, fadiga constante, dificuldades de concentração, comportamento explosivo e irritabilidade. Além deles, sintomas comuns quando o nível de estresse profissional é grande incluem depressão, transtornos de ansiedade, hipertensão, entre outros.
Quando há crise de estresse, a pessoa pode ter ainda sintomas parecidos aos de um infarto, como falta de ar, coração acelerado e transpiração excessiva. “Caso esses sintomas apareçam pela primeira vez, o paciente deve ir imediatamente a um hospital para avaliar se é um infarto, especialmente se ele tiver fatores de risco como diabetes, histórico familiar de doenças cardiovasculares, fumo, hipertensão, má alimentação e sedentarismo. Nesse caso, os sintomas podem se prolongar para dor no peito, no braço esquerdo, costas, mandíbula e estômago”, esclarece Dr. Piegas.
Estresse e infarto: Dr. Piegas aconselha também sobre a importância de remédios que ajudam a reduzir o risco de infarto, como os de pressão alta, os anticoagulantes e as estatinas (para o colesterol). Nesse último caso, o medicamento diminui a quantidade de colesterol na corrente sanguínea e evita que se formem placas de gorduras na artéria. Porém, as estatinas não eliminam as placas que já existem, apenas reduzem a inflamação que elas causam, abrindo maior espaço para o fluxo de sangue.
“É importante ainda que, para reduzir o risco de infarto o paciente seja o mais ativo que puder e faça atividade física regularmente. Isso porque, além de reduzir o estresse, ao se exercitar, o músculo cardíaco se fortalece e produz novas redes de circulação do sangue, criando caminhos alternativos caso a pessoa tenha um ataque cardíaco”, explica Dr. Piegas.
Você se considera uma pessoa estressada? Sai do trabalho de cabeça quente, não consegue dormir pensando nas tarefas do dia seguinte, costuma bater boca no churrasco da família? Mesmo que passar por essas situações seja normal e faça parte da vida, encarar os desafios de forma mais tranquila faz bem não só para a cabeça, mas também para o coração. Literalmente.
Por exemplo, ficar conectado e ser continuamente bombardeado por informações diversas é um grande fator para aumentar o estresse da população. Procure se “desligar” do celular pelo menos uma hora antes de dormir!
Apesar das semelhanças, condições são classificadas de modo diferente pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Burnout, depressão e estresse são problemas de saúde específicos. Apesar de terem sintomas semelhantes, as três condições são tratadas e classificadas de maneira distinta pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Para a OMS, o burnout não é uma condição médica, mas um fenômeno ligado ao trabalho. Já a depressão é uma doença psiquiátrica crônica. O estresse, por sua vez, é uma resposta do corpo às circunstâncias do dia a dia. Ele pode ser um indício de alguma doença ou apenas uma reação pontual a condições externas, negativas ou positivas.
Veja abaixo as principais características dos três problemas:
- Burnout: é uma síndrome resultante de estresse crônico e necessariamente tem origem no ambiente de trabalho;
- Depressão: é uma doença psiquiátrica crônica, que afeta pessoas de todas as idades;
- Estresse: é uma reação fisiológica automática do corpo a circunstâncias que exigem ajustes comportamentais.
O que é Burnout?
Necessariamente relacionado ao trabalho, o burnout é um transtorno que se desenvolve gradualmente por conta de desajustes entre o trabalho e o indivíduo. Ele afeta homens e mulheres que vivem situações de estresse constante ou prolongado no ambiente de trabalho.
A síndrome pode ser decorrente de uma carga horária excessiva, falta de reconhecimento dos chefes ou de um cansaço profundo, por exemplo, que não se resolve apenas com descanso ou férias. Outros fatores que podem desencadear o burnout no trabalho são:
- Excesso de responsabilidades
- Pouca autonomia para tomar decisões
- Falta de justiça no ambiente de trabalho
- Conflitos de valor no trabalho
Ana Maria Rossi, psicóloga e coordenadora no Brasil da “International Stress Management Association” no Brasil (Isma), disse ao G1 que uma pesquisa realizada pela organização ao longo de 2018 – e ainda não apresentada publicamente – identificou que 72% dos brasileiros têm alguma sequela do burnout, seja em nível leve, intermediário ou alto. Entre essas pessoas, 32% sofrem de burnout.
Sintomas
Cansaço extremo, irritabilidade, alterações repentinas de humor: os sintomas do burnout muitas vezes são semelhantes aos de outras condições de saúde como a ansiedade e a depressão.
Os principais efeitos do burnout são:
- Cansaço excessivo físico e mental
- Dor de cabeça frequente
- Alterações no apetite
- Insônia
- Dificuldades de concentração
- Alteração nos batimentos cardíacos
Por ter sintomas parecidos com os da depressão e da ansiedade, a síndrome muitas vezes não é identificada corretamente.
No Brasil, o Ministério da Saúde afirma que a síndrome de burnout “pode resultar em estado de depressão profunda e, por isso, é essencial procurar apoio profissional no surgimento dos primeiros sintomas.”
Os três elementos principais que caracterizam o burnout e o diferenciam de outras condições são:
- Exaustão: a sensação de que a pessoa está indo além de seus limites e desprovida de recursos, físicos ou emocionais, para lidar com as situações. Mesmo férias ou licenças por motivos de saúde não resolvem o aparente cansaço.
- Ceticismo: a reação constantemente negativa diante das dificuldades, a falta de interesse no trabalho, ou, ainda, a falta de preocupação com os resultados. O ceticismo é uma forma de insensibilidade, que pode ser agressiva mesmo em relação a amigos e familiares.
- Ineficácia: a sensação de incompetência, que ocorre quando a pessoa se sente sempre desqualificada, pouco reconhecida e improdutiva.
Dois resultados da presença desses elementos são o “absenteísmo”, quando a pessoa começa a faltar demais ao trabalho, ou o “presenteísmo”, que ocorre quando o indivíduo vai trabalhar mas está mentalmente ausente ou com o pensamento distante das atividades que realiza.
Tratamento
Assim como outros problemas psicológicos, o burnout precisa ser tratado por um psiquiatra e acompanhado por um psicólogo. Segundo o Ministério da Saúde, “o diagnóstico é feito por psiquiatras e psicólogos após análise clínica do paciente e são eles os profissionais de saúde indicados para orientar a melhor forma de tratamento, conforme o caso”.
A psicoterapia é o tratamento mais comum, mas o médico psiquiatra pode também prescrever medicamentos como antidepressivos e ansiolíticos.
Parte do tratamento consiste em mudar as condições do trabalho que levaram a pessoa à exaustão profunda. Também costuma-se recomendar atividade física regular, atividades de lazer, passar mais tempo com familiares e amigos, e exercícios para aliviar a tensão, por exemplo.
O que é Depressão?
A depressão é uma doença psiquiátrica crônica, que pode afetar pessoas de todas as idades, incluindo crianças e idosos. Segundo a OMS, mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem da doença, que pode ser uma condição de saúde muito grave, especialmente quando é classificada com intensidade moderada ou severa. Nos piores cenários, a depressão pode levar ao suicídio, que é a segunda maior causa de morte em jovens de 15 a 29 anos em todo o mundo.
Diversos fatores podem contribuir para o aparecimento da depressão. Os três mais comuns são:
- Predisposição genética
- Eventos traumáticos
- Estresse crônico
Esses elementos podem provocar uma diminuição nos níveis da serotonina, que é um neurotransmissor essencial na comunicação entre os neurônios. Ele ajuda a produzir sensações de bem-estar vitais para o bom funcionamento do organismo.
Quando o corpo identifica a falta da serotonina no cérebro, as transmissões de impulsos elétricos ficam prejudicadas e, com o passar do tempo, surgem reações em cadeia.
A escassez do neurotransmissor pode interferir no humor, no sono, na alimentação, na vida sexual e na produtividade do indivíduo.
Sintomas
- Perda de prazer
- Irritabilidade
- Distúrbio do sono
- Cansaço
- Falta de vontade de fazer coisas ou esforço extra para fazer as coisas
- Choro fácil ou apatia
- Falta de memória e de concentração
Tratamento
O tratamento para a depressão, segundo a OMS, é dividido em níveis. Para os casos iniciais de depressão ou para pessoas com depressão leve são recomendados tratamentos psicossociais, como terapia cognitivo-comportamental e psicoterapia interpessoal.
Os antidepressivos são eficazes no caso de depressão moderada e grave. Entretanto, os médicos e pacientes devem ficar atentos aos efeitos adversos associados aos medicamentos, como náuseas tonturas, disfunção sexual e aumento de peso.
Os medicamentos para depressão também são receitados para combater o desequilíbrio químico no cérebro, restabelecendo a produção de serotonina.
Os primeiros efeitos da medicação podem demorar algumas semanas para aparecer e o tratamento completo dura, no mínimo, um ano. É extremamente importante seguir o tratamento de maneira correta para alcançar um resultado positivo.
O que é Estresse?
O estresse, diferente da depressão, é a maneira como o corpo reage diante de diferentes situações de grande esforço emocional. Ele também pode atingir pessoas de todas as idades.
Quando o corpo é estimulado, a mensagem chega à parte do cérebro chamada de hipotálamo, que a envia para uma glândula que fica logo abaixo. Ela produz hormônios que se espalham pela corrente sanguínea até chegar a outras glândulas que ficam acima dos rins. São elas que produzem os hormônios adrenalina e o cortisol.
A liberação de cortisol é importante para a manutenção da sobrevivência, mas deve ocorrer na dosagem certa. Quando atinge picos, pode causar problemas.
O cortisol é considerado o hormônio do estresse crônico porque, diferente da adrenalina, que causa as reações e vai embora, ele permanece no organismo. O cortisol inflama o organismo, que vai responder em vários órgãos: cérebro, intestino, células adiposas.
Mesmo situações positivas podem causar estresse, mas nesses casos a liberação de hormônios tende a estimular o indivíduo. No caso de situações negativas, o efeito emocional pode ser bastante nocivo à saúde.
As principais causas desse tipo de estresse são:
- Conflitos no ambiente familiar
- Dificuldades financeiras
- Problemas de saúde na família
- Dificuldades no trabalho ou a falta dele
- Relacionamentos tóxicos
- Divórcio
- Excesso de responsabilidades
Uma pesquisa online feita pelo Instituto de Psicologia e Controle do Stress (IPCS) com 2.195 brasileiros mostrou que 34% dos entrevistados tinham um nível de estresse considerado excessivo. Doenças ligadas aos sistemas nervoso e digestivo, em alguns casos, podem estar relacionadas ao estresse.
Apesar de nem sempre levar a transtornos, o estresse contínuo e intenso pode ser um indício de transtornos psiquiátricos.
“O estresse em si não é uma doença, mas pode ser o gatilho. O estresse é simplesmente a adaptação que uma pessoa enfrenta por causa de uma situação imprevista, como uma promoção indesejada, por exemplo”, explica Ana Maria Rossi.
Sintomas
Segundo a Sociedade Americana do Coração, comer, fumar ou beber para se acalmar, trabalhar de forma exagerada, adiar tarefas e dormir menos ou mais podem ser os primeiros sintomas do estresse.
Em casos de estresse contínuo, alguns sintomas físicos podem surgir com o tempo. Os mais comuns são alergias, doenças de pele, doenças autoimune, refluxo, doenças intestinais, insônia, infecção urinária e aumento de sintomas em pacientes cardíacos.
Tratamento
Quando a pessoa já está inserida em uma situação de estresse, a orientação é identificar o principal fato estressante e resolvê-lo.
A principal forma de tratamento para o estresse é a prevenção das situações que podem causar grande esforço emocional. As formas de fazer esta prevenção são as mais diversas e cada pessoa encontra a melhor forma de relaxar.
Entretanto, algumas dicas valem para todas as pessoas, como fazer alimentações saudáveis e, principalmente, atividade física, que é responsável por liberar os hormônios do prazer: endorfina, serotonina e dopamina. Esses hormônios melhoram o humor e trazem a sensação de bem-estar.
Veja mais dicas para evitar o estresse:
- Respire fundo
- Faça atividades físicas
- Invista em trabalhos manuais
- Pratique meditação
- Durma bem
- Alimente-se de forma saudável
Segundo o Ministério da Saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS) está equipado para oferecer assistência aos pacientes com sofrimento ou transtorno mental, inclusive a síndrome de burnout e a depressão. Na rede pública, os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) são os locais mais indicados para o tratamento.
- Estresse: seus efeitos no coração e no sistema cardiovascular
O estresse libera no corpo hormônios como adrenalina e noradrenalina, substâncias vasoconstritoras. Como diz o nome, elas constringem, isto é, estreitam os vasos, elevando a pressão arterial e levando a uma alta na frequência cardíaca.
Esse aumento pode também ser caracterizado por arritmias, batimentos descoordenados do coração, especialmente em quem já tem algum tipo de problema cardíaco.
Mas o estresse, por si só, não é o vilão. Ele é uma reação natural (e, em alguns casos, benéfica) a uma situação de risco.
“É uma necessidade de autoproteção da pessoa. Se você tentar, por exemplo, atravessar a Avenida Paulista e não tiver o mínimo de estresse, a chance de ser atropelado é enorme. É natural que, frente às mais diversas situações, ocorra algum nível de estresse saudável. O problema é quando o estímulo é permanente, passa do limite e começa a gerar dano à sua atividade normal”, explica o cardiologista, clínico geral do HCor e médico assistente da Unifesp, Abrão Cury.
Para não chegar a esse extremo, os médicos recomendam uma receita clássica: combinar uma alimentação saudável à prática regular de exercícios físicos.
“Um fator que diminui muito o estresse é a liberação de endorfina, que neutraliza a adrenalina. E a endorfina é secretada em exercícios mais intensos”, explica o cardiologista e coordenador da Diretriz de Prevenção 2019 da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Dalton Precoma.
Precoma esclarece que existe uma diferença entre atividade e exercício físico. “Uma caminhada até o trabalho, por exemplo, é uma atividade física. É útil, mas não caracteriza um exercício físico, que acontece quando você passa a frequentar uma praça, uma academia, uma aula com regularidade, como natação, caminhada ou bicicleta. O ideal é fazer 150 minutos de exercício semanais, divididos de três a cinco vezes por semana”, explica.
Além disso, o convívio social, a manutenção da qualidade do sono e o tratamento de doenças são outros hábitos que contribuem para a redução do estresse.
“Sobretudo, deve haver uma mudança de estilo de vida, e o cardiologista deve orientar todos esses fatores”, afirma.
Dicas para prevenção do infarto:
Hábitos alimentares corretos ajudam a fortalecer o sistema imunológico e, consequentemente, tornam uma pessoa menos vulnerável ao estresse e seus efeitos. A vitamina C e os alimentos ricos em zinco, como as amêndoas, são aliadas da imunidade;
Dormir bem é outra maneira de melhorar a qualidade de vida e o bem-estar, diminuindo o cansaço e aumentando a disposição para trabalhar. O sono adequado, ou seja, de oito horas diárias, ajuda uma pessoa a ser mais forte em frente ao estresse e melhora a memória e raciocínio;
O bem-estar e a qualidade de vida também dependem do exercício físico. Eles melhoram a disposição de um indivíduo e o tornam mais forte para enfrentar situações de estresse. O ideal é a prática de 150 minutos de qualquer atividade por semana, divididas entre 3 a 5 vezes;
Pode ser difícil encontrar formas de lidar com o estresse, mesmo sabendo o motivo pelo qual ele existe e quais são as suas consequências. Por isso, o auxílio de um profissional pode ser fundamental para que o estresse permaneça distante e não afete a sua vida;
Em situações de estresse, a defesa do organismo faz com que hormônios como a adrenalina e a noradrenalina sejam liberados, causando redução do calibre dos vasos sanguíneos, espasmos das artéria coronárias, aumento da pressão e da frequência cardíaca. São os chamados hormônios do estresse.
Você se considera uma pessoa estressada?
A voluntária do Horas da Vida e Cardiologista, Claudia Marques Salomão esclareceu algumas dúvida sobre o estresse, confira:
1. Quais hábitos podem desencadear uma doença no coração?
“O tabagismo, o estresse emocional, sedentarismo, alimentação inadequada com excesso de sal, gordura, carboidratos e doces em geral”.
2. Como o estresse interfere na saúde do coração?
O problema é quando a pessoa atinge o nível de estresse crônico que leva a liberação da adrenalina e cortisol no organismo que em excesso podem desencadear arritmia, problemas cardiovasculares como infarto ou AVC em pessoas que são predispostas a doenças do coração.
3. Quais hábitos devemos incluir no nosso dia a dia para manter a saúde do coração?
Exercícios físicos regulares, o ideal é exercitar meia hora cinco vezes por semana, alimentação balanceada, beber em média dois litros de água por dia, ter uma boa noite de sono e tomar sol, 15 minutos por dia, pois gera bem-estar e auxilia na produção de vitamina D
Estresse alto aumenta risco de hipertensão, derrame e ataque cardíaco, diz estudo
Quando o hormônio do estresse, cortisol, continua a aumentar ao longo do tempo, você também pode estar em maior risco de ter um derrame, ataque cardíaco ou doença cardíaca, de acordo com a pesquisa publicada nesta segunda-feira (13) no Circulation, o jornal da Associação Americana do Coração (AHA, na sigla em inglês).
É mais um estudo que ilustra a ligação entre a mente e a saúde cardíaca de uma pessoa, disse o cardiologista Glenn Levine, professor de medicina do Baylor College of Medicine em Houston, que não esteve envolvido no estudo.
“Estresse, depressão, frustração, raiva e uma visão negativa da vida não só nos tornam pessoas infelizes, mas têm um impacto negativo em nossa saúde e longevidade”, disse Levine, que presidiu a declaração científica da AHA sobre a conexão entre o bem-estar mental e as doenças cardíacas.
“Ao desenvolver a declaração da AHA, analisamos todos os dados que pudemos encontrar e concluímos que fatores negativos de saúde psicológica, como estresse, estavam claramente associados a muitos fatores de risco cardiovascular“, disse Levine.
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Estresse alto aumenta risco de hipertensão, derrame e ataque cardíaco, diz estudo
Condição leva à produção de hormônios que aumentam o risco destes eventos para a saúde
Altos níveis de estresse pode causar hipertensão, derrame e ataque cardíaco, diz pesquisaGetty Images/Westend61
O estresse está bombando continuamente em suas veias? Mesmo que sua pressão arterial esteja normal agora, altos níveis de estresse podem colocá-lo em risco de desenvolver hipertensão na próxima década ou mais adiante, descobriu um novo estudo.
“Estresse, depressão, frustração, raiva e uma visão negativa da vida não só nos tornam pessoas infelizes, mas têm um impacto negativo em nossa saúde e longevidade”, disse Levine, que presidiu a declaração científica da AHA sobre a conexão entre o bem-estar mental e as doenças cardíacas.
“Ao desenvolver a declaração da AHA, analisamos todos os dados que pudemos encontrar e concluímos que fatores negativos de saúde psicológica, como estresse, estavam claramente associados a muitos fatores de risco cardiovascular“, disse Levine.
A boa notícia, disse Levine, é que, como a mente, o coração e o corpo estão interconectados e interdependentes, uma pessoa também pode melhorar sua saúde cardiovascular se esforçando por uma perspectiva psicológica positiva.
“Você pode decidir mudar sua mentalidade sobre essa situação estressante ou estabelecer limites – apenas por estar ciente de que pode evitar que o estresse se torne tóxico para você”, disse a especialista em gerenciamento de estresse Cynthia Ackrill, editora da revista Contentment, produzida pelo Instituto Americano de Stress. “Não devemos descartar nossa capacidade de ter um papel em nosso bem-estar“, disse Ackrill, que não esteve envolvida no estudo.
Maior impacto sobre os jovens
O novo estudo acompanhou 412 adultos multirraciais entre 48 e 87 anos com pressão arterial normal, medindo os níveis de hormônios do estresse na urina em vários momentos entre 2005 e 2018. Os níveis hormonais foram comparados a quaisquer eventos cardiovasculares que possam ter ocorrido, como hipertensão, dores no coração, ataques cardíacos e cirurgia de ponte de safena.
“Pesquisas anteriores se concentraram na relação entre os níveis de hormônio do estresse e hipertensão ou eventos cardiovasculares em pacientes com hipertensão existente. No entanto, faltavam estudos em adultos sem hipertensão”, disse o autor da pesquisa, Dr. Kosuke Inoue, professor assistente de epidemiologia social na Universidade de Kyoto, no Japão, em comunicado.
O estudo testou três hormônios – norepinefrina, epinefrina e dopamina – que regulam o sistema nervoso autônomo e controlam funções involuntárias do corpo, como frequência cardíaca, pressão arterial e respiração. Inoue e sua equipe também analisaram os níveis de cortisol, um hormônio esteroide que é liberado pelo corpo em reação ao estresse agudo, como o perigo.
Uma vez que o perigo passa, o corpo reduz a produção de cortisol, mas se uma pessoa está continuamente estressada, os níveis de cortisol podem permanecer elevados. “Norepinefrina, epinefrina, dopamina e cortisol podem aumentar com o estresse de eventos da vida, trabalho, relacionamentos, finanças e muito mais”, disse Inoue.
Dobrar os níveis de cortisol sozinho – mas não de norepinefrina, epinefrina ou dopamina – foi associado a um risco 90% maior de sofrer um evento cardiovascular, descobriu o estudo. Cada vez que os níveis combinados de todos os quatro hormônios do estresse dobraram, o risco de desenvolver pressão alta aumentou entre 21% e 31%.
O efeito foi mais pronunciado em pessoas com menos de 60 anos, um achado preocupante, de acordo com os pesquisadores. “Nesse contexto, nossos resultados geram a hipótese de que os hormônios do estresse desempenham um papel crítico na patogênese da hipertensão entre a população mais jovem”, escreveram eles.
O estudo teve limitações, incluindo a falta de um grupo de controle e o uso de apenas uma medida – análise de urina – para testar os hormônios do estresse, observaram os autores. Ainda assim, examinar os hormônios do estresse extraídos da urina ao longo do tempo é considerado algo “limpo e novo”, disse Levine.
“É uma forma um tanto objetiva, pelo que podemos dizer com ferramentas imperfeitas, de categorizar as pessoas que provavelmente estarão mais estressadas na maior parte do tempo.”
O que fazer?
Como posso saber se corro o risco de ter problemas cardíacos devido a níveis elevados de hormônios do estresse? “Embora não saibamos quais são os nossos níveis de cortisol na urina, existem maneiras de aprendermos a refletir sobre se podemos ter alguns fatores psicológicos negativos”, disse Levine.
“Se reconhecermos que tendemos a ficar estressados, frustrados ou irritados com frequência, é útil refletir sobre quais são exatamente as coisas que nos levam a esses estados”, acrescentou. “Assim que fizermos isso, podemos realmente sentar e decidir cuidadosamente, vale a pena permitir que essas coisas me levem a ficar estressado ou frustrado?”
Ficar ciente do que desencadeia seu estresse permite que você seja capaz de interromper as respostas hormonais automáticas, antes que elas acionem seu sistema circulatório, disse Ackrill. “Ficamos preocupados com alguma coisa, de modo que nosso sistema nervoso simpático acelera tudo. Precisamos de nosso coração batendo rápido para manter nossa pressão sanguínea alta para que tenhamos uma boa circulação e possamos fugir do perigo”.
“Você pode intervir mais cedo, quando estiver apenas começando a montar sua resposta ao estresse, com alguma respiração profunda ou outra proposta de relaxamento”, acrescentou Ackrill. Isso permitirá que as funções executivas do cérebro entrem em ação, dando-lhe opções de como lidar com a situação.
“Frequentemente, deixamos nossa mente reagir rapidamente a algo antes de realmente termos tempo para permitir que nossos níveis mais elevados de funcionamento cognitivo, nosso córtex pré-frontal, trabalhem”, disse Levine. “Devemos fazer uma pausa, ponderar, digerir, e levar alguns segundos para decidir qual é a maneira mais hábil de reagir”.
Diretoria de Promoção de Saúde Cardiovascular lança cartilha com dicas para o bem-estar do coração
Material educativo faz parte do encerramento da Campanha Setembro Vermelho 2021
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), através da Diretoria de Promoção de Saúde Cardiovascular/FUNCOR, , mais uma cartilha educativa, dessa vez especial pelo Dia Mundial do Coração. O tema da publicação é homônimo à Campanha Setembro Vermelho 2021: “Conecte seu coração à sua saúde”.
De forma didática, o material indica o quais são os “sinais verdes” e “sinais vermelhos” para o seu coração. Deve-se evitar excesso de consumo de sal, bebidas alcoólicas e tabagismo. Situações de estresse também merecem cuidado. Entre as dicas para uma vida saudável estão:
- Alimentação balanceada com ingestão de frutas, legumes e verduras;
- Atividade física regular, e
- Beber água.
Entre os dez amigos do coração estão os seguintes alimentos:
- Aveia
- Azeite de Oliva
- Peixes
- Uva e Suco de uva integral
- Frutas Vermelhas
- Soja
- Chocolate amargo
- Maçã
- Castanhas
- A dupla Tomate e Alho
Como o estresse afeta o coração das mulheres
As mulheres brasileiras relatam níveis mais altos de estresse em relação aos homens, de acordo com dados do Programa de Avaliação do Estresse (PAE) da Beneficência Portuguesa de São Paulo, publicados em 2014.2 Além disso, conforme o Hospital do Coração (HCor),3 no Brasil, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre as mulheres.
Nos Estados Unidos, a pesquisa Stress in America, da American Psychological Association,4 revelou que, numa escala de 1 a 10, as mulheres classificaram seus níveis de estresse em 5,0, enquanto a média dos homens foi de 4,6 em 2016. De acordo com o artigo científico da American Heart Association (AHA), publicado pela Circulation,5 quando as mulheres são expostas a fatores estressantes, elas têm um risco maior de ataques cardíacos do que os homens em situação semelhante.
O estresse a longo prazo aumenta a exposição ao hormônio do estresse cortisol e prejudica a saúde do coração com o passar do tempo, conforme artigo apresentado pela Mayo Clinic.6
Quando esses fatores de risco causam um ataque cardíaco nas mulheres, os sintomas podem ser manifestados de forma diferente em relação aos homens. Embora ambos os sexos relatem frequentemente dor no peito como um sintoma durante um ataque do coração, as mulheres têm mais probabilidade de apresentar outros sinais, como tontura, fraqueza ou ansiedade.
3 dicas para controlar o estresse
Sempre consulte seu médico se você estiver se sentindo sobrecarregado ou com dificuldade de lidar com o estresse. Veja três atividades diárias que podem ajudar.
- Ouça música e faça exercícios. Mulheres, assim como homens, relatam que se exercitar e ouvir música são suas principais formas de lidar com o estresse, de acordo com a American Psychological Association (APA).7 Independentemente da sua velocidade, considere combinar essas atividades para relaxar e desligar-se do que está incomodando. O Ministério da Saúde8 aponta também que a prática de atividades físicas pode diminuir a ansiedade e melhorar a qualidade do sono.
- Acalme sua mente. Incluir ioga e meditação à lista de atividades para aliviar o estresse e as doenças cardíacas em mulheres. A ioga aproveita sua energia física e mental para gerar paz no corpo e na mente. Reserve um momento para abstrair, respirar profundamente e limpar sua mente.
- Socialize. De acordo com a mesma pesquisa da APA, as mulheres têm mais probabilidade de relaxar com atividades sociais, como passar algum tempo com amigos ou família. A abordagem social é sábia. Seja proativo: peça ajuda aos entes queridos e envolva-se em atividades que o conectem com pessoas que tenham interesses semelhantes aos seus. Compartilhar o que vai pelo seu coração com outros pode ajudar a protegê-lo.
Essas são apenas algumas formas de reduzir estresse e doenças cardíacas: o mais importante é descobrir o que funciona melhor para você e para seu coração.
“Infelizmente, o estresse é um dos vilões da vida contemporânea e suas consequências irão depender do tempo de exposição e de sua intensidade. Mesmo que o paciente não tenha nenhuma doença prévia, contudo, apresentar alguns dos sintomas citados após um forte estresse, deve procurar um serviço de emergência médica, onde será avaliado e realizará exames para descartar alguma alteração cardiovascular mais séria”, finaliza o Dr. Luciano.